Está... Está muito difícil...
A menos que me volte a sujeitar a estágios não remunerados escandalosos, que ainda são as únicas "ofertas" que aparecem nesta área!
Ah... Esperem... Afinal nem para isso tenho "habilitações"! É que para concorrer a esses anúncios vergonhosos é preciso ser-se recém-licenciado e eu já passei essa fase há algum tempo.
Parece-me que nos tempos que correm, fazer o que se gosta deixou de ser uma ambição e passou a ser uma mera utopia, ou um grande golpe de sorte.
Ainda me lembro do que me motivou a querer ser jornalista. Queria ter uma profissão que me trouxesse novos desafios todos os dias. Sonhava ter um trabalho dinâmico, que me arrancasse da secretária sempre que possível. Ironicamente, agora passo o dia sentada em frente a um computador e a gastar, não o meu latim, mas o meu inglês.
Apesar de ter duas irmãs professoras, sempre considerei que não tinha grande queda para o ensino e por isso nunca pensei enveredar por essa área. Quando cheguei ao mercado de trabalho, descobri que gostava realmente do jornalismo, da luta diária com as palavras, da magia da televisão e da estaleca que nos dá a imprensa.
Aprendi mais num ano de estágios do que em todo o curso! Aprendi que a objetividade é, muitas vezes, uma grande treta. Descobri que, outras tantas vezes, os interesses económicos se colocam à frente do jornalismo sério e que o 25 de Abril não pôs fim a todos os tipos de censura. Mesmo assim, continuei "apaixonada" pelo jornalismo, apesar de todas as falhas e defeitos que lhe fui encontrando.
Depois do jornalismo, surgiu a oportunidade de trabalhar em comunicação, desde a gestão de sites, à produção de vídeos, passando pela elaboração de newsletters, escrita de histórias infantis, organização de eventos... Que grande escola! Foram perto de 3 anos muito intensos, durante os quais a minha criatividade foi posta à prova inúmeras vezes! Muitas ideias tirei eu das mangas... Mas depois de muitas batalhas ganhas lá acabei por perder a guerra - não passei aos quadros.
No entanto, "há males que vêm por bem" e passado pouco tempo estava de malas aviadas para Nova Iorque! Oh yeah!... O que perdi em termos de carreira ganhei em amor, e isso não tem preço! São "acasos do destino" como este que me fazem acreditar que "what goes around, comes around" e que afinal nada acontece simplesmente por acaso.
Agora, de volta a Lisboa, nem sequer me posso queixar! É que no meio de tanta crise até tive a sorte de arranjar logo trabalho! Há que ver o lado positivo, não é?!
Mas o que eu queria mesmo era voltar a ter aquela sensação de gostar do que faço e ir trabalhar contente da vida todos (ou quase todos) os dias! Quem sabe o que isso é com certeza que me compreende.
Mas parece que os meus sonhos profissionais (e de grande parte das pessoas da minha geração) estão hipotecados... Espero que seja por pouco tempo! Quero mesmo acreditar que a minha oportunidade está aí a chegar e que um dia vou voltar a ir trabalhar com vontade e não apenas porque tem de ser...
Há por aí quem sinta o mesmo que eu? Vá lá... Não se acanhem...
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Roubado na net, da autoria de Banksy. |